martes, 24 de xullo de 2012

Diferenças geracionais

Desde os anos que envolvêrom os fastos da celebraçom do centenário do cinema na Galiza, nom se voltou a pensar dumha maneira histórica. Agora que a sua pele se tornou mais translúcida, pode ser feito um diagnóstico clarificador de como é o esqueleto dum organismo que deu sobradas mostras de estar forçadamente homogeneizado. Provavelmente, o elemento mais esclarecedor do audiovisual galego é que convivem várias maneiras de entender o cinema. Distintas perspetivas que podemos relacionar com umha estratificaçom geracional. Nesta taxonomia existem elementos discordantes, exceçons à regra, mas estes, por desgraça, som os menos.

Para ir entrando em matéria, podemos ver como, a dia de hoje, convivem até cinco geraçons de cineastas que, mais ou menos, se correspondem com as décadas em que começárom a fazer cinema e com os seus anos de nascimento. Podemos reconhecer umha primeira, a mais velha, a do Cinema Amador da década de 1970, da qual já restam poucos representantes em ativo. Miguel Castelo (n. 1946) estreará em breve o seu filme “Sonhos arraianos”, e em 2008, Euloxio Ruibal (n. 1945) fijo umha curta-metragem experimental intitulada “Mamai Fedra”. Esta geraçom foi a que começou a pensar em cinema estando cientes do nada. Tentárom fazer um cinema amador que unira a crítica social, as vaidades literárias e a plasmaçom identitária.

A segunda geraçom foi a da Vídeo-criaçom da década de 1980, unha vasta lista de criadores que, na sua maior parte, nascêrom na década de 1950: Antón Reixa (n. 1957), Xavier Villaverde (n. 1958), Antón Caeiro (n. 1960), Manuel Abad (n. 1953), Xosé Manuel Bua (1958)… Basculárom com eficácia no frenesi tecnológico. Umha geraçom que contou com a ajuda governamental e que, graças ao seu indubitável talento, servírom para dar-se a conhecer no exterior, sobretudo por meio do canal videográfico. Poucos deles som os que chegárom a trabalhar em celuloide, no que se deu em chamar a versom galega do chamado Cinema das Autonomias; porém, a maior parte acabou alimentando a TVG. Nom obstante, a este grupo unírom-se outras personalidades criadoras procedentes doutros ámbitos: Margarita Ledo (n. 1951), Héctor Carré (n. 1960), Jorge Algora (n. 1963), Ignacio Vilar (n. 1952), Xavier Bermúdez (n. 1951), Carlos Amil (n. 1959)…

A terceira geraçom foi a saída da Escola de Imagem e Som da Corunha. Provavelmente, é a mais "consciente", já que as distintas promoçons de realizadores e técnicos que saírom nos primeiros anos dessa instituiçom educativa estavam chamados a preencher os ocos profissionais que havia num setor “estratégico em alta”. Um período em que se exacerbaram as especificaçons dos roles gremiais num contexto onde o cinema se afanava em incrementar a sua qualidade técnica. Entre os que possuem mais continuidade e chegárom a fazer longas-metragens, encontramos Jorge Coira (n. 1971), Sandra Sánchez (n. 1970), Ángel de la Cruz (n. 1963), Alfonso Zarauza (n. 1973), Carlos Alberto Alonso (n. 1970), Luis Avilés (n. 1969), Enrique Otero (n. 1971), Judas Diz (n. 1973)... A este há que acrescentar os realizadores (integrados e apocalípticos) procedentes das Belas Artes (ou afins) como Uqui Permui (n. 1961), Mario Iglesias (n. 1963), Susana Rei (n. 1966), María Ruido (n.1967) ou Fernando Cortizo (n.1972).

A quarta geraçom é a "descrente". A que se denomina como Novo Cinema Galego. Novos criadores entrárom ao assalto tentando ocupar um sítio nas margens, optando por novos modelos de produçom afastados da hierarquia e da vassalagem a umhas heranças de produçom caducas e limitadoras. Provavelmente, o contexto de democratizaçom das novas tecnologias foi o que mais marcou estes cineastas que vírom que “era possível”. Dentro destas, o facto mais definitório foi o acesso à banda larga, onde a cinefilia se expandiu até limites insuspeitados. Mas o processo acelerador desta conjuntura veu via administraçom, da Agência Audiovisual Galega e das suas convocatórias de talento. O caminho desta liberdade criadora começou com as propostas experimentais de Alberte Pagán (n. 1968), e foi seguido em práticas um grupo mui heterogéneo em idades, em interesses e em procedências: Oliver Laxe (n. 1982), Ángel Santos (n. 1976), Marcos Nine (n. 1975), Eloy Enciso (n. 1975), Peque Varela (n. 1977), Ramiro Ledo (n. 1981), Pela del Álamo (n. 1979), Sonia Méndez (n. 1980), Víctor Hugo Seoane (1982), Xacio Baño (n. 1983), Lois Patiño (n. 1983)… Sem qualquer dúvida, a geraçom de cineastas que deu maior projeçom ao cinema galego no exterior.

Por último, deve referir-se que, a dia de hoje, fechado o apoio institucional, abriu-se o tempo para que emerja umha nova geraçom que se perfilará entre as grandes incertezas que depara tanto o presente como o futuro. Som uns realizadores que ainda nom se dêrom a conhecer, mais que enfrentam e enfrentarám o seu desembarco na criaçom audiovisual na mais total orfandade. As pautas nas quais se conformarám as práticas cinematográficas nos próximos anos na Galiza estám no ar e dificilmente se voltará a situaçons passadas. O legado do passado será gerido polos novos criadores segundo a sua conveniência, tentando conformar as características próprias que os definam.

Este diálogo intergeracional revela umha série de conclusons: o contexto (o social e o cinematográfico) definiu fortemente as geraçons do audiovisual galego, a cada período corresponde umha conceçom cinematográfica muit específica, a aspiraçom polo industrial motivou umha inclinaçom polo standard, relegar os critérios comerciais motivou um maior risco artístico, até as últimas geraçons o mundo do cinema dominou o cinema, a hipotética normalizaçom do setor foi devida a certa tutelagem da administraçom, cada década acolheu um lustro de sublimaçom e outro de mudança de paradigma, as geraçons pró-industriais ficam ancoradas sen arelas de reatualizaçom, a atitude possibilista fomentou a continuidade da norma e maus vezos administrativos, o intercambio geracional ocorreu com mais fluidez quando quebrou o sistema industrial, a terceira geraçom adiou-se pola seródia consolidaçom da segunda, o acesso a longa-metragem cobria geraçons posteriores, a atitude crítica contra o académico provocou a liberdade criativa e a quarta geraçom concilia membros nascidos num maior arco de anos definindo-se como a mais democrática de todas.

Xurxo González

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