martes, 5 de xuño de 2012

Um cinema sem país

Ao longo da última década, a evoluçom do cinema entrou numha espiral de mudanças e trasformaçons que puxo em questom a sua própria conceçom tradicional. As mutaçons da disciplina, causadas principalmente pola incorporaçom das novas tecnologias, estám a levar ao colapso um sistema industrial incapaz de assumir tanta instabilidade. Porém, esta situaçom constitui, para a criaçom artística, um excelente caldo de cultura em que vam xurdindo e tomando forma novas propostas que empurram a linguagem cinematográfica para novos limites.

Este panorama levou a que cristalizassem distintos focos espalhados polo mundo em que se exemplifica esta dialética: por um lado, vemos o ocaso, em todos os sentidos, dum cinema caduco e previsível e, por outro, assistimos á apariçom de novos cinemas cheios de risco e experimentaçom. Nesse contexto, as cinematografias mais ricas iniciárom um processo que as levou a se repensar a si próprias, nom sendo o aparato crítico, tanto o local como o foráneo, alheio a estas reformulaçons. Assim, vemos como ao mesmo tempo que se evidenciam alguns sintomas de morte, podemos também alviscar o nascimento de novas e esperançosas perspecivas para o cinema do futuro.

Há justamente dous anos tivo lugar a ata de nascimento do que se deu em chamar: NOVO CINEMA GALEGO. Umha etiqueta provocadora (ou nom) que vinha denominar umha nova forma de fazer cinema mais acorde com as dinámicas criativas e de produçom em que se desenvolve a vanguarda do atual panorama internacional. Pola primeira vez na história, os pressupostos das obras cinematográficas feitas na Galiza participam das mesmas procuras e inquedanças que as cinematografias nacionais que exercem uma maior liderança referencial. Esta foi a maneira de definir todo um processo inteligente de sistematizaçom de elementos locais e identitários que foi capaz de transcender a entendimentos universais.

Nunca pensei que das três palavras que componhem a denominaçom "novo cinema galego" a que puder estar mais em causa fosse o adjetivo de referência à origem. Num princípio, duvidava do termo “novo” porque aceitá-lo significava assumir o paradoxo de que um “nada” já tinha ficado velho. Tampouco o termo “cinema” estava isento de questionamentos tendo em conta a complexa deriva tecnológica dos nossos dias. Mas a desafeiçom territorial é algo que já se mostrou muito evidente tanto no passado como no presente, e infelizmente tudo indica que o continuará a ser no futuro mais próximo. Esta dinámica nom é motivada pola apatia dos criadores ou pola escassa ambiçom das obras resultantes, mas principalmente pola falta de implicaçom dos agentes que perfilam o resto do contexto (setor, público, administraçom, meios, instituiçons educativas e a cultura em geral).

Agora que já foi dito, gostaria de fazer umha reflexión mais funda botando atrás umha olhada sobre as relaçons da Galiza com o cinema. De sempre, o cinema na Galiza foi algo vinculado a pessoas isoladas que acreditavam no que faziam mas que poucas vezes fôrom secundadas pola sociedade. Dos pioneiros empreendedores passou-se para certo snobismo lavrado desde umha burguesia com vontade de modernidade. Depois, foi praticada umha dialética progressista para se transmutar num desleixado suporte pitoresco e, finalmente, albergou umhas tímidas arelas militantes que se perdérom coma umha pinga de água entre as desapiedadas lógicas comerciais.

A relaçom entre a Galiza e o cinema nunca chegou a calhar. A política e o (outro) mundo da cultura nunca concebeu o cinema como umha ferramenta com que poder transmitir conteúdos culturais de entidade capazes de definir umha ideia de país. Este divórcio pode ser devido ao distanciamento técnico, ao elevado custo de produçom, á difícil distribuiçom, ao pouco ecoar nos meios, o desconhecimento, à falta de consideraçom por parte das elites culturais e políticas, à instável política audiovisual, a umha lei apodrecida, ao “leirismo” sócio-psicopático, ao amplo tempo de produçom dos filmes, à falta de ideologia, às pressons mercantilistas, aos vícios adquiridos, aos maus preconceitos dominantes, à pouca sinergia com a televisom… Um feixe de elementos muito diversos que explicam um evidente fracasso histórico.

Apesar de que nos últimos tempos se conseguiu superar algumhas eivas e limitaçons (aquelas que dependem dos criadores), a relaçom que a Galiza mantém com o seu cinema está longe de estar normalizada. Nestes anos nem fôrom poucas as obras cinematográficas que obtivérom mais reconhecimento fora do que dentro do território galego, fazendo com que estes logros se traduzissem numha enorme projeçom internacional para a própria cultura que as ignora. Dói-me reconhecê-lo: a globalizaçom venceu o jogo. Nom obstante, a estas alturas xurde-me mais umha dúvidas: é o cinema galego incapaz de conectar com umha referência sociocultural própria ou será que continuamos a conformar umha sociedade carente dumha verdadeira ideia de país?

Xurxo González

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